segunda-feira, 8 de junho de 2009

Desafios Étnicos-Raciais




Costumo abordar com minhas turmas a questão étnica,pois não podemos fechar os olhos diante de piadinhas e discriminações. Temos que identificar,conhecer e respeitar as diferenças.Dialogar ,buscar respostas para os questionamentos da turma,conhecer seus ancestrais, o porquê de certas características,tais como, cor de pele, cor dos olhos, tipo de cabelo etc. Acredito que é muito importante desenvolver projetos que explorem e valorizem a cultura de cada povo. Nesse sentido, trabalhos como o Mosaico Étnico-racial promovem uma ampla discussão e valorização de cada etnia. A literatura infantil, também é um ótimo recurso para abordagem desta temática .

Atualmente, vivemos numa sociedade que é caracterizada por sua complexidade, e a escola é o local onde os fenômenos sociais e as diversas maneiras e concepções de vida social são: trabalhados, analisados e discutidos nas diferentes disciplinas. Desse modo, o educador se vê diante de diferentes desafios, entre os quais, o de encontrar o meio termo entre o desafio à lógica disciplinar e a sistematização dos conteúdos. É necessário o diálogo entre as disciplinas, na construção dessa realidade. Nesse sentido, o currículo da escola, deve trabalhar em prol da formação de identidades abertas a esta pluralidade cultural, desafiadoras de preconceitos, numa perspectiva de educação para a cidadania, para a paz, para a ética nas relações interpessoais, para a crítica às desigualdades sociais e culturais. Pela convivência com as diversas manifestações culturais, impregnadas de crenças, costumes e valores, espera-se que cada indivíduo passe a reconhecer e respeitar o direito do outro à diversidade.

domingo, 7 de junho de 2009

MÉTODO CLÍNICO



O Método Clínico proporciona uma “explicação sobre uma situação” com “transformações de um material” .O sujeito é entrevistado a respeito das transformações que se produzem nos objetos que tem diante de si. As ações que o sujeito realiza e suas explicações nos informam sobre suas idéias. A conversa com o sujeito serve para dar-lhe instruções e nos ajuda a interpretar o sentido do que ele faz .

Aplicação da Prova

A reação da criança frente à situação de prova foi de alegria e entusiasmo. Estava curiosa e ansiosa, preocupando-se o tempo todo em dar respostas certas aos questionamentos. O pensamento dela estava marcado pela intuição, pela percepção imediata da realidade e não pela lógica, a qual, muitas vezes levou-a a dar respostas incorretas aos problemas apresentados.

De acordo com a teoria de Piaget está no estádio pré – operatório,pois no item I revelou a irreversibilidade do pensamento, outro aspecto central do pensamento pré-operatório, pois não conseguiu percorrer um caminho cognitivo em relação as transformações da massinha e então inverter mentalmente a direção, para reencontrar um ponto de partida não modificado.

No momento da prova procurei observar a criança com atenção, deixei que expressasse o pensamento livremente ,fiz os questionamentos necessários, levando-a a pensar em soluções para o problema apresentado.Piaget afirma:

“O bom experimentador deve, efetivamente, reunir duas qualidades aparentemente incompatíveis: saber observar, deixar a criança falar, não desviar nada e, ao mesmo tempo, saber buscar algo preciso, ter a cada instante uma hipótese de trabalho, uma teoria verdadeira ou falsa para controlar”. (PIAGET,1975, p. 11)

Em relação a minha atuação durante a realização da prova, acredito que foi razoável, procurei seguir o roteiro proposto, confesso que me questionei sobre o tipo de intervenção que deveria fazer no contra-argumento, mas contudo, a prova transcorreu normalmente. Durante a prova a criança fiquou atenta as minhas reações e expressões faciais, querendo descobrir as respostas. Talvez possa ter levado a criança à crença sugerida ou não, pois através de um olhar podemos revelar muitas coisas, apesar de não desejarmos fazer isso.Contudo, acredito que, o que nós faz evoluir realmente é a reflexão a respeito do processo. Nesse sentido, a análise e a crítica a respaito da minha atuação, evidenciam os erros e os acertos, promovendo a aprendizagem e as mudanças no modo de pensar e agir.

Portanto, o estudo sobre o método clínico, nos torna capazes de conhecer o desenvolvimento da inteligência na criança, o que é primordial, no sentido de propor ações de acordo com suas possibilidades, de forma a desafiá-la - desequilibrá-la - para que busque a significação e possa reequilibrar outra vez - a assimilação e a acomodação.

BIBLIOGRAFIA

INTERNET. http://www.centrorefeducacional.com.br/estagios.html. Visitado em 4/05/2009.

Marques, Beatriz Iwaszko. Epistemologia Genética e Construção do Conhecimento. Texto extraído de: MARQUES, Tania. Do Egocentrismo à Descentração: a docência no ensino superior. Porto Alegre: UFRGS, 2005. Tese de doutorado.

- PIAGET, Jean. Os estágios do desenvolvimento intelectual da criança e do adolescente. In: Problemas de Psicologia Genética. São Paulo: Abril Cultural, 1983. Coleção Os Pensadores.

- PIAGET, Jean. O desenvolvimento mental da criança. In: Seis estudos de psicologia. Rio de Janeiro: Forense, 1986.

Estádios do Desenvolvimento



Na teoria Epistemologia Genética piagetiana (1896-1980) o conhecimento se origina por um processo de equilibração e de abstração reflexionante. Segundo Becker:
O mundo do objeto fornece o conteúdo (assimilação), o mundo do sujeito cria novas formas (acomodação), a partir das formas dadas (reflexos) na bagagem hereditária. Posteriormente, as próprias formas, construídas por este processo de abstração reflexionante, transformam-se em conteúdos a partir de cuja assimilação constroem-se novas e mais poderosas formas. É a ação do sujeito que constrói este novo e fascinante mundo: o mundo do conhecimento – como forma e como conteúdo (BECKER, 2001a, p. 20).

A definição proposta por Piaget em relação à aprendizagem abrange dois sentidos: o sentido estrito, cuja aprendizagem acontece na medida em que um resultado (conhecimento ou atuação) é adquirido em função da experiência” e o sentido amplo, no qual ocorre a “união das aprendizagens s. str. e desses processos de equilibração” (PIAGET, 1974, p.54).
Convém lembrar que no minucioso trabalho de pesquisa longitudinal de Inhelder, Bovet e Sinclair, os resultados apresentados a partir das situações de aprendizagem estão intimamente ligados “ao nível de partida de cada um dos sujeitos” (INHELDER, BOVET e SINCLAIR, 1977, p.259), ou seja, o aproveitamento das situações de aprendizagem depende das estruturas já construídas até aquele momento e não, unicamente, da estimulação do meio, como quer o empirismo. O resultado desta pesquisa apresenta a definição de aprendizagem numa concepção interacionista, na qual estabelece relações entre desenvolvimento e aprendizagem, afirmando que: “Aprender é proceder a uma síntese indefinidamente renovada entre a continuidade e a novidade”. “A novidade trazida pela aprendizagem e a continuidade garantida pelo desenvolvimento”(BECKER, 2001a, p.25-6).
Nesse processo, percebe-se a síntese continuada entre as condições estruturais do sujeito (continuidade) e as condições do meio, físico ou social (novidade): “A assimilação funciona como um desafio sobre a acomodação a qual faz originar novas formas de organização” (BECKER, 2001, p. 20-1).
Em relação ao desenvolvimento Piaget (1983, p.236), afirma que ocorre de forma que as aquisições de um período sejam necessariamente integradas nos períodos posteriores. É o “caráter integrativo” segundo o qual “as estruturas construídas numa idade dada se tornam parte integrante das estruturas da idade seguinte”. Ou seja, a partir do nascimento, inicia-se o desenvolvimento cognitivo e todas as construções do sujeito servem de base a outras.
Para Piaget, as idades de ocorrência dos estádios são extremamente variáveis de um sujeito a outro. A respeito das idades, Piaget (1972, p.200) diz:
"Em determinada população podemos caracterizar os estádios por uma cronologia,mas esta é extremamente variável; depende da experiência anterior dos indivíduos,e não apenas de sua maturação; depende, principalmente, do meio social,que pode acelerar ou retardar o aparecimento de um estádio, ou mesmo impedir sua manifestação."


PERÍODOS DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
Estágio sensorio-motor, mais ou menos de 0 a 2 anos: a atividade intelectual da criança é de natureza sensorial e motora. A principal característica desse período é a ausência da função semiótica, isto é, a criança não representa mentalmente os objetos. Sua ação é direta sobre eles. Essas atividades serão o fundamento da atividade intelectual futura. A estimulação ambiental interferirá na passagem de um estágio para o outro.
Estágio pré-operacional, mais ou menos de 2 a 6 anos: (Biaggio destaca que em algumas obras Piaget engloba o estágio pré-operacional como um subestágio do estágio de operações concretas): a criança desenvolve a capacidade simbólica; "já não depende unicamente de suas sensações, de seus movimentos, mas já distingue um significador(imagem, palavra ou símbolo) daquilo que ele significa(o objeto ausente), o significado". Para a educação é importante ressaltar o caráter lúdico do pensamento simbólico.Este período caracteriza-se: pelo egocentrismo: isto é, a criança ainda não se mostra capaz de colocar-se na perspectiva do outro, o pensamento pré-operacional é estático e rígido, a criança capta estados momentâneos, sem juntá-los em um todo; pelo desequilíbrio: há uma predominância de acomodações e não das assimilações; pela irreversibilidade: a criança parece incapaz de compreender a existência de fenômenos reversíveis, isto é, que se fizermos certas transformações, somos capazes de restaurá-las, fazendo voltar ao estágio original, como por exemplo, a água que se transforma em gelo e aquecendo-se volta à forma original.

Estágio das operações concretas, mais ou menos dos 7 aos 11 anos: a criança já possui uma organização mental integrada, os sistemas de ação reúnem-se em todos integrados. Piaget fala em operações de pensamento ao invés de ações. É capaz de ver a totalidade de diferentes ângulos. Conclui e consolida as conservações do número, da substância e do peso. Apesar de ainda trabalhar com objetos, agora representados, sua flexibilidade de pensamento permite um sem número de aprendizagens.

Estágio das operações formais, mais ou menos dos 12 anos em diante: ocorre o desenvolvimento das operações de raciocínio abstrato. A criança se liberta inteiramente do objeto, inclusive o representado, operando agora com a forma (em contraposição a conteúdo), situando o real em um conjunto de transformações. A grande novidade do nível das operações formais é que o sujeito torna-se capaz de raciocinar corretamente sobre proposições em que não acredita, ou que ainda não acredita que ainda considera puras hipóteses. É capaz de inferir as conseqüências.
Tem início os processos de pensamento hipotético-dedutivos.


BIBLIOGRAFIA

INTERNET. http://www.centrorefeducacional.com.br/estagios.html. Visitado em 4/05/2009.
MARQUES, Beatriz Iwaszko. Epistemologia Genética e Construção do Conhecimento. Texto extraído de: MARQUES, Tania. Do Egocentrismo à Descentração: a docência no ensino superior. Porto Alegre: UFRGS, 2005. Tese de doutorado.
- PIAGET, Jean. Os estágios do desenvolvimento intelectual da criança e do adolescente. In: Problemas de Psicologia Genética. São Paulo: Abril Cultural, 1983. Coleção Os Pensadores.
- PIAGET, Jean. O desenvolvimento mental da criança. In: Seis estudos de psicologia. Rio de Janeiro: Forense, 1986.

QUESTÕES ÉTNICO-RACIAIS NA EDUCAÇÃO

PLANEJAMENTO

žTema: Valorização das relações sociais e respeito as diferenças étnicas.
žTurma:1º ano
žObjetivo:

Através da literatura infantil investigar as idéias que os alunos possuem a cerca das diferenças étnicas, estimular o respeito ao outro e refletir sobre a importância de se conviver com gente que parece diferente da gente,refletir sobre às características específicas de cada etnia ,sobre as etnias que constituem a população brasileira.

žAtividades:

-Contação de História: “Romeu e Julieta”,Ruth Rocha.

-Interpretação oral e reflexão.

-Confecção do painel “A cara do Brasil” com gravuras de pessoas de diferentes etnias.

- Confecção de fantoches de borboletas nas cores: branco, amarelo, verde,vermelho e azul.

-Teatro de fantoches sobre a história.

2ª Etapa – Reflexão teórica sobre a prática.

Foi muito interessante realizar esta atividade didático-pedagógica, contemplando a diversidade étnica e racial através da literatura infantil, com a história “Romeu e Julieta de Ruth Rocha. Desta forma foi possível investigar as idéias que os alunos possuem a cerca das diferenças étnicas, estimular o respeito ao outro e refletir sobre a importância de se conviver com gente que parece diferente da gente,refletir sobre às características específicas de cada etnia ,sobre as etnias que constituem a população brasileira.

No primeiro dia Iniciamos a proposta com a contação da história ,interpretação oral e reflexão.Fiz alguns questionamentos e eles foram me respondendo: “Como era o reino no início da história?”, “As borboletas só podiam ficar nos seus canteiros.”, “Por que as borboletas não podiam ficar juntas?”, “Porquê era contra as regras”, “Isso era bom ou ruim?”, “Era ruim ,pois elas queriam se encontrar e não podiam.” “O que fez mudar essa situação?”, “Elas se juntaram para procurar os filhos”, “isso foi bom?”, “Foi bom pois podiam se encontrar ,fazer um monte de coisa e ser amigos e ficar feliz. “Nós temos cores como as borboletas?”, a grande maioria dos alunos respondeu não, eu continuei,“Mas a nossa pele tem cor, umas pessoas são brancas , outras negras ,pardas, japonesas, indígenas, alemãs,etc.Vocês concordam?” , “Sim, mas nós podemos se encontrar,podemos ir na casa de um amigo pra posar, pra brincar.” Então quer dizer que nós não temos a mesma regra que as borboletas ,de não se misturar, todo mundo pode brincar junto?”. A maior parte dos alunos disse que sim ,destaco duas falas :”Não tem porque eu brinco com o Matheus e ele é preto.” “Meu irmão brinca com uma amiga dele que é morena. Apenas um menino se manifestou dizendo que às vezes tem gente que não quer brincar junto.

Logo em seguida, confeccionamos fantoches de borboletas e um painel intitulado “A cara do Brasil”, no qual utilizamos papel pardo e gravuras trazidas de casa com pessoas de etnias diversas, para decorá-lo os alunos desenharam borboletas nas bordas. Convidei os alunos a observarem com atenção o painel e identificarem algumas características específicas de cada etnia, tais como, tipo de cabelo, olhos puxados, cor de pele etc.

A realização de propostas como estas mostram a diversidade da população brasileira, que o nosso país é constituído por várias etnias. Promovem a reflexão e a constatação de que somos especiais, cada um com suas peculiaridades e que podemos nos divertir e aprender muita coisa juntos. Enfim de acordo com Brasil “O grande desafio da escola é conhecer e valorizar a trajetória particular dos grupos que compõem a sociedade brasileira [. . .] e respeitar as diferentes formas de expressão cultural” (BRASIL, 1996) .

Bibliografia:

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares nacionais. Brasília, 1996.

ROCHA, Ruth. Romeu e Julieta. São Paulo,2007.Editora Ática,14ª edição